BOLETÍN ELECTRÓNICO CIENTÍFICO
DEL NODO BRASILERO
DE INVESTIGADORES COLOMBIANOS
Número 2(Artículo 13), 2000

TÍTULO
Condição metabólica e desempenho reprodutivo no pós-parto em vacas leiteiras no sul do Brasil

TIPO: Trabalho publicado em Rev. Bras. Reprod. Anim. v.23, n.3: 155-156, 1999

AUTOR: W.L. Rossato, F.D. González felixgon@ufrgs.br, M.M. Dias, S.V. Faria e D. Riccó

IDIOMA: Português

ENDEREÇO PARA CONTATO
Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS
Av. Bento Gonçalves 9090. Porto Alegre - RS - Brasil. 91.540-000

PALAVRAS CHAVE: Bioquímica Sangüínea, Fertilidade e Nutrição, Gado de Leite

RESUMO
O rebanho leiteiro do Estado do Rio Grande do Sul possui 2,4 milhões de cabeças e participa com 10,2% do total de leite produzido no Brasil. A maior parte dos produtores (92,4%) possuem pequenos rebanhos que contribuem com 73,1% do leite produzido no Estado [1]. Os índices de fertilidade do rebanho leiteiro no sul-brasileiro mostram-se deficientes. A idade ao primeiro parto é de 32 meses [2] e o intervalo entre partos é de 18 meses [1]. Entre as principais causas nutricionais de diminuição da fertilidade estão deficiências no fornecimento energético e protéico e excesso ou carência de minerais, especialmente cálcio e fósforo, além de carência de microminerais como zinco, manganês, cobre e iodo [3]. A maioria dos transtornos metabólicos podem ser detectados mediante o uso de perfis bioquímicos no sangue. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a condição metabólica de vacas leiteiras no período do pós-parto, mediante o perfil bioquímico do sangue, para relacioná-la com o desempenho reprodutivo nesse período. Foram utilizadas 18 vacas da raça holandesa, pertencentes a um rebanho localizado na região do vale do Taquari (RS). Amostras de sangue foram coletadas a partir da 3ª semana após o parto, a cada 3 semanas até a 15ª semana. No plasma sangüíneo foram determinados 11 componentes mediante técnicas de espectrofotometria. O desempenho reprodutivo foi avaliado pelo intervalo entre o parto e a concepção (dias abertos), pelo número de serviços/concepção e pela concentração de progesterona no leite em duas amostragens semanais durante 4 semanas após o parto (5ª a 8ª semanas). Com base no desempenho reprodutivo observado, as vacas foram divididas entre aquelas com menos de 150 dias abertos e aquelas com mais de 150 dias abertos. Os resultados mostraram que 10 vacas (55,5%) tiveram mais de 150 dias abertos, com média de 206± 59,9 dias e 4± 1,2 serviços/concepção e 8 vacas (44,4%) tiveram menos de 150 dias abertos, com média de 109± 27 dias e 2± 1 serviços/concepção. Foi observado que as vacas com maior número de dias abertos tiveram concentrações significativamente mais elevadas de proteínas totais e aspartato aminotransferase (AST) e menores de glicose e beta-hidroxibutirato (BHB), comparadas com as vacas com menor número de dias abertos. Valores baixos de glicose e/ou BHB sugerem deficiências de substratos energéticos em ruminantes e têm sido relacionados com efeitos negativos sobre a fertilidade [4]. Também observou-se que a concentração plasmática de uréia foi maior e a de fósforo foi menor, nas vacas com maior período aberto. Teores elevados de uréia em vacas estão relacionados com aumento da proteína não utilizada da dieta, que pode ser devido tanto a maior quantidade de substratos nitrogenados como a déficit de substratos energéticos na alimentação [5]. Elevados teores de uréia no fluído do trato reprodutivo podem ser tóxicos para o espermatozoide, o óvulo e o embrião [6]. As concentrações de cálcio, fósforo e magnésio foram significativamente menores nas vacas com maior período aberto. O metabolismo desses macrominerais está muito relacionado e foi relatado que vacas repetidoras têm menores níveis sangüíneos de alguns minerais, principalmente Ca, P, Mg e Cu [7]. A secreção acumulada de progesterona, somando as amostragens entre as semanas 5ª a 8ª após o parto, foi superior nas vacas de maior número de dias abertos. Este resultado sugere que as vacas com período aberto prolongado não sofreram transtornos na ciclicidade ovárica e sim na taxa de gestação, possivelmente como conseqüência de uma maior taxa de mortalidade embrionária, que se viu refletida em maior número de serviços por concepção. Como conclusão, sugere-se que as vacas com maior número de dias abertos tiveram a sobrevivência embrionária alterada, fato que, possivelmente, pode estar sendo causado por desequilíbrios metabólicos que envolvem deficiência de substratos energéticos, desequilíbrio mineral de cálcio, fósforo e magnésio, bem como excesso de uréia, refletindo desequilíbrios na relação energia/proteína ou excesso de proteína degradável na alimentação.

BIBLIOGRAFIA

[1] FERNANDES, D. Diagnóstico no setor leiteiro do Rio Grande do Sul no âmbito do Mercosul. Série Realidade Rural. Porto Alegre: EMATER-RS, 1995.

[2] RIBAS, N.P., VEIGA, D.R., HORST, J.A. Programa de análise de rebanhos leiteiros do Paraná. Instrumento de gerenciamento do seu rebanho. Curitiba: PARLPR/APCBRH. v.14, 1997.

[3] GALIMBERTI, BERTONI, G., CAPPA, V. La determinazione del profilo metabolico qualle mezzo per evidenziare le cause alimentari di ipofertilità bovina. Zoot. Nutriz. Anim. v.3, p.237-245, 1977.

[4] ABE, N., LEAN, I.J., RABIEE, A. et al. Effects of sodium monensin performance of dairy cattle. II. Effects on metabolites in plasma, resumption of ovarian cyclicity and oestrus in lactating cows. Austr. Vet. J. v.71, p.277-282, 1994.

[5] MOORE, D.A., VARGA, G. BUN and MUN: Urea nitrogen testing in dairy cattle. The Compendium Jun 1996, p.713-720, 1996.

[6] CARROLL, D.J., BARTON, B.A., ANDERSON, G.W., SMITH, R.D. Influence of protein intake and feeding strategy on reproductive performance of dairy cows. J. Dairy Sci. v.71, p.3470-3481, 1988.

[7] RUPDE, N.D., RODE, A.M., SARODE, D.B. et al. Serum biochemical profile in repeat breeders. Ind. J. Anim.Reprod. v.14, p.79-81, 1993


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